Actualmente é imposto por legislação a Avaliação Psicológica a condutores e torna-se, em meu entender, pertinente este assunto para esclarecimento de algumas dúvidas que me são colocadas por condutores aquando da sua Avaliação Psicológica para obtenção ou renovação da sua carta de condução.
A Psicologia do Tráfego permite estudar o comportamento e os processos mentais dos condutores, bem como toda a sua envolvência na condução. Ela procura entender o comportamento pela observação e experimentação e ajudar na formação de comportamentos mais seguros e condizentes com o exercício de uma perfeita cidadania. Tal como em qualquer avaliação psicológica, esta deve ser rigorosa e seguir vários parâmetros, o que neste caso concreto permite efectuar uma avaliação a nível cognitivo e de personalidade, mas também avaliar parâmetros físicos como por exemplo acuidade visual, auditiva e destreza manual.
Assim, por Decreto-Lei, o examinando deverá efectuar um conjunto de provas psicológicas, através de instrumentos devidamente validados para a população portuguesa para se poder perceber o funcionamento psicofísico do condutor, bem como o seu funcionamento interno.
Uma das funcionalidades destas provas é poder avaliar a capacidade de memória do condutor, pois são vastas as idades para poderem realizar estas provas. As perturbações de memória podem ser indicadores sensíveis de disfunções cerebrais e constituem no sintoma mais frequentemente referido após lesão cerebral. A capacidade de reconhecimento é também válida como indicador de envelhecimento patológico. A nível motor é possível avaliar a motricidade fina de cada um dos indivíduos sujeitos a avaliação psicológica como por exemplo tremores, velocidade de mãos, coordenação motora, coordenação bimanual entre outros factores.
Uma das características motivacionais do ser humano é a necessidade de se sentir em segurança. O conceito de comportamento seguro implica uma norma observada em comum acordo entre os usuários, que maximiza os benefícios do trânsito, minimizando os riscos para a população em geral. Este comportamento de segurança está directamente relacionado com velocidade, distância, e mais amplamente com emoções, pensamentos, organizações perceptivas, processamento de informação ou, em linguagem de prevenção, a comportamentos de baixo ou alto risco.
Após análise da performance das provas, o que inclui a aplicação de provas de personalidade, e conjuntamente com uma entrevista clínica, é fornecido um perfil individual do condutor e assim considerado apto ou inapto para a condução automóvel em termos psicológicos. Com esta avaliação pretende-se diminuir os acidentes rodoviários bem como sensibilizar para uma condução mais segura.